A busca e discussão por doenças relacionadas à saúde mental é cada vez mais explorada e em tempos de pandemia, ganhou ainda mais relevância e importância. Um exemplo disso é um levantamento feito através da plataforma de marketing Semrush que mostra o Brasil como o país que mais pesquisou o termo “Síndrome de Burnout” em setembro de 2021:
As elevadas buscas por conteúdos relacionados à doença, que passou a ser reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019, evidencia a necessidade de falarmos sobre o tema também nas empresas. E você, sabe o que é síndrome de burnout? Ao longo desse post você saberá mais sobre o que é e como identificar e prevenir a doença.
O que é Síndrome de Burnout?
A síndrome de burnout é identificada em pessoas com exaustão emocional, causada pela pelo excesso de trabalho. Segundo a OMS, o burnout “é uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”, se caracterizando por três elementos:
- Despersonalização ou cinismo: desenvolvimento de sentimentos negativos em relação às pessoas do ambiente profissional, inclusive endurecimento afetivo;
- Esgotamento emocional ou exaustão: incapacidade de produzir mais diante do cansaço físico e emocional extremo;
- Baixa realização pessoal ou ineficácia: perda de confiança nas suas próprias realizações.
A Síndrome de Burnout envolve também nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas.
O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença. Abaixo listamos alguns dos outros diversos sintomas que a Síndrome de Burnout pode causar:
- Cansaço excessivo, físico e mental.
- Dor de cabeça frequente.
- Alterações no apetite.
- Insônia.
- Dificuldades de concentração.
- Sentimentos de fracasso e insegurança.
- Negatividade constante.
- Sentimentos de derrota e desesperança.
- Sentimentos de incompetência.
- Alterações repentinas de humor.
- Isolamento.
- Fadiga.
- Pressão alta.
- Dores musculares.
- Problemas gastrointestinais.
- Alteração nos batimentos cardíacos.
Normalmente esses sintomas surgem de forma leve, mas pioram ao longo dos dias, fazendo com que muitas pessoas acreditem que é uma virose, ou um “nervoso” passageiro.
Para evitar problemas mais sérios e complicações da doença, é indispensável buscar apoio profissional assim que notar qualquer sinal, por menor que seja. Afinal de contas, pode ser algo passageiro, mas também pode ser o início da Síndrome de Burnout.
A síndrome, quando não é tratada, pode evoluir para casos de depressão, transtornos de ansiedade e até doenças físicas.
Quais os tratamentos da Síndrome de Burnout?
O tratamento da Síndrome de Burnout é feito principalmente com psicoterapia. Normalmente, surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso. Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilos de vida também influenciam diretamente na evolução do paciente.
A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença.
Após diagnóstico médico, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas – amigos, familiares, cônjuges etc.
SINAIS DE PIORA: Os sinais de piora do Síndrome de Burnout surgem quando a pessoa não segue o tratamento adequado.
Com isso, os sintomas se agravam e incluem perda total da motivação e distúrbios gastrointestinais.
Nos casos mais graves, o quadro pode evoluir para a depressão, que muitas vezes pode ser indicativo de internação para avaliação detalhada e possíveis intervenções médicas.
Medicamentos para a Síndrome de Burnout
A depender da avaliação do especialista, o tratamento da Síndrome de Burnout também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos) mas lembre-se, se medicar por conta própria pode trazer riscos à saúde. Procure sempre um especialista.
Síndrome de Burnout nas empresas
Como fazer para ajudar um colega de trabalho que está com Síndrome de Burnout?
O ponto primordial caso você venha a identificar ou um colega “confidencie” que está com a Síndrome do Burnout é: não julgar.
Independente do gatilho, a dor e o sofrimento dele são reais. Não devemos também tentar deduzir se a causa é um grande ou pequeno problema ou se a pessoa é forte ou fraca para resistir àquilo.
Você não é um psicólogo (nem um investigador) e tentar deduzir a causa para tentar ajudar seu colega pode atrapalhar ainda mais. A Síndrome de Burnout não é um processo simples e por isso, pode levar um certo tempo até que a própria pessoa perceba e reconheça suas causas.
Outro ponto muito importante é oferecer seu tempo para escutar seu colega. Claro, faça isso se vocês forem próximos ou se existir oportunidade para. Não adianta forçar a barra nem ser invasivo. Mas, se a pessoa se sentir à vontade para falar com você, não julgue nem tente aconselhar. O processo de escuta é estar presente de forma empática e não buscar soluções para ajudá-lo.
Por último, mas não menos importante: se você sabe de um colega que está em um processo de Burnout, reporte internamente. Seja para o seu gestor imediato ou para o time de recursos humanos. Fazendo isso você além de ajudar o seu colega, você irá ajudar a sua empresa, possibilitando que ela ofereça o melhor suporte possível.
Quando se trata de saúde, é sempre indispensável ouvir o que falam os especialistas. Com a Síndrome do Burnout não seria diferente, por isso conversamos novamente com a Jessyca Partica (que integra o nosso time de Customer Sucess e Customer Care e é graduada em Psicologia) que trouxe (como sempre) uma rica colaboração:
Quando falamos de Burnout, falamos também de autocuidado, pois para podermos entender como nos sentimos em cada situação, saber nomear os sentimentos e saber identificar o local onde eles se agravam, é um trabalho de autoconhecimento.
Nos sentirmos cansados e estressados após um dia cheio de trabalho é normal, mas precisamos ter muita atenção a estes sintomas. Eles ocorrem mesmo em dias regulares? Me sinto ansioso e nervoso para começar a jornada? No ambiente de trabalho me sinto mal e desconfortável? Me sinto desanimado em cumprir minhas tarefas?
Estes sentimentos não ouvidos e não tratados, podem levar a condições piores. Então fique atento a seu corpo e sua mente, não exija muito de você e não se cobre demasiadamente, não sabe como? O ideal é sempre buscar ajuda profissional.
Como colaborador você precisa se lembrar que precisa de pausas, precisa de um horário de almoço/intervalo, precisa de uma alimentação saudável, exercícios e ter momentos de lazer. Pode parecer bobagem, mas é extremamente importante para nossa mente e corpo. Você está exigindo muito de si mesmo? Então é necessário diminuir o ritmo.
Como líder/gestor você pode ajudar prestando atenção nos seus liderados, ter momentos para trocas sobre o sentimento dele com o trabalho, se ele encontra um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. O fundamental é: estar sempre disponível para escutar e dar apoio quando necessário.
Boas práticas que podem ajudar a evitar o esgotamento mental causado pela Síndrome de Burnout
Manter hábitos saudáveis e equilibrar carreira e vida profissional são algumas recomendações para prevenir a Síndrome de Burnout. Elas se tornam ainda mais eficientes se houver conscientização e apoio por parte das empresas.
É importante lembrar de que responsabilidade e compulsão são coisas diferentes. Por mais responsável que você seja,
estabeleça limites para suas atividades, evitando que você não tenha tempo para se divertir e descansar.
Abaixo listamos algumas outras dicas de prevenção da Síndrome de Burnout, propostas pelo Ministério da Saúde:
- Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.
- Participe de atividades de lazer com amigos e familiares.
- Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema.
- Evite o contato com pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros.
- Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.
- Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc.
- Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental.
- Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
Em resumo, é fundamental manter hábitos saudáveis em geral e conseguir encontrar o equilíbrio entre trabalho, lazer, família e vida social.